TRABALHO: Mercado exclui os jovens e os menos instruídos

Desempregado ou ganhando menos, o chefe de família teve de contar com ajuda de um filho ou da mulher para complementar o orçamento familiar ou compensar a falta de emprego, mesmo que ajudando no próprio negócio da família, diz. Passada a crise, essas pessoas estão saindo pouco a pouco do mercado de trabalho e voltando a estudar ou cuidar da casa relata o pesquisador.
O crescimento do emprego, no entanto, não foi uniforme: o contingente de jovens de 18 a 24 anos teve crescimento de apenas 0,2%; o de pessoas de 25 a 49 anos, de 3,5% e o de 50 anos ou mais de idade, de 6,3%. Segundo Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, a mudança na estrutura pode ser explicada pelo mercado de trabalho mais seletivo, que prioriza profissionais com experiência e, por outro lado, ao aumento da renda do trabalhador, que faz com que os jovens adiem a entrada no mercado de trabalho. Houve também aumento do emprego formal -mais vagas com carteira assinada.
GOVERNO CONTRATA MAIS
Dois especialistas em mercado de trabalho ouvidos pela Folha consideraram bastante animadora a diminuição do índice de desemprego ocorrida em dezembro, mesmo tendo ela ocorrido durante uma época do ano em que, normalmente, fatores sazonais empurram a taxa para baixo. "É uma queda animadora, mas dificilmente se repetirá nos próximos meses com igual magnitude", afirmou o sociólogo José Pastore, pesquisador da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Para ele, além das contratações temporárias nas áreas de comércio e serviços, o governo teve um papel decisivo para inflar o número de postos de trabalho.
Pastore lembrou que vagas preenchidas em setores nos quais o Poder Executivo tem ampla atuação (educação, saúde, serviços sociais, administração pública, defesa e seguridade social) cresceram 4,3% em dezembro de 2005, ante igual período de 2004. Em números totais, isso significa que 129 mil pessoas a mais foram contratadas para atuar nas áreas citadas acima. "A lei impede o governo de empregar novas pessoas perto das eleições, por isso houve uma aceleração das contratações em 2005", afirmou Pastore. "É provável que elas continuem acontecendo nos próximos meses."
O economista da Hélio Zylberstajn,

Isso pode ter ocorrido, diz, pela combinação da proximidade das férias de quem estuda ou está empregado com o fato de mais chefes de família terem conseguido um posto, o que permitiria a outros parentes desistir de trabalhar. Pastore e Zylberstajn apontam como preocupante o aumento acentuado da renda no mercado informal. O dado, segundo ambos, leva a crer que cada vez mais profissionais qualificados estão sendo empurrados para fora da legalidade, por conta do alto custo que representam para empregadores. Eles também estariam tentando diminuir a própria carga tributária.
(*) Reportagens publicadas na Folha de São Paulo, em 27/01/2006.
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