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Esse blog é destinado a promover o debate de temas culturais e sociais, além de divulgar as ações realizadas por jovens moradores da comunidade São Remo, no bairro do Butantã (SP).

quarta-feira, janeiro 11, 2006

MILIONÁRIOS FAZEM BEM À SAÚDE

Donald G. Mcneil Jr. (do The New York Times)

NOVA YORK - A Fundação Bill e Melinda Gates anunciou recentemente que daria U$ 450 milhões para invenções ecléticas para ajudar os pobres do mundo: bananas mais nutritivas, vacinas fáceis de usar e produtos químicos que deixam mosquitos incapazes de cheirar suas vítimas, por exemplo. Nos seis anos desde sua criação, a fundação injetou dinheiro em iniciativas para produzir vacinas da aids e malária e pagou testes de drogas contra a tuberculose. Como filantropos, os Gates também se tornaram ativistas; passaram vários dias da semana passada na Índia e Bangladesh chamando a atenção para projetos que auxiliaram. Na verdade, o dinheiro da Fundação Gates - ao todo U$ 29 bilhões - e sua capacidade de atrair publicidade caiu como uma bomba na arena conservadora da saúde mundial, imprimindo urgência e um senso de possibilidade ao desafio de resolver os problemas.

Mas os Gates não foram os primeiros a ver que o dinheiro pode mover montanhas em saúde pública. Eles estão seguindo os passos de gigantes industriais do fim do século 19, homens que também empenharam suas fortunas para enfrentar problemas sociais e acreditavam que poderiam ser tão bem-sucedidos em filantropia quanto haviam sido nos negócios.

Os doadores dos tempos do "robber-baron" (barão-ladrão, magnatas americanos do fim do século 19 que enriqueceram por meios nem sempre lícitos) começaram sua atividade filantrópica enquanto ainda estavam vivos - uma idéia inovadora. Andrew Carnegie, por exemplo, abriu mão de centenas de milhões de dólares para construir bibliotecas muito antes de sua morte. O maior legado na história americana antes de Carnegie foi de John Hopkins, um comerciante de Baltimore que em 1873 deixou US$ 7 milhões para fundar uma universidade e um hospital com seu nome - após morrer.

Mas o paralelo mais próximo da atitude dos Gates é John D. Rockefeller, que ergueu a Standard Oil. Como Gates, foi o homem mais rico de seu tempo e aviltado como monopolista ganancioso. Rockefeller, como Gates, contratou um profissional para gerir suas ações beneméritas. E ele também usou o dinheiro para identificar e atacar problemas importantes de saúde pública.

Rockefeller contratou Frederick T. Gates, um ex-ministro como seu executivo filantrópico. Em 1892, Gates leu textos médicos que o convenceram de que as doenças tinham causas, como micróbios e vermes, que podiam ser combatidas - uma idéia não universalmente aceita na época.

Patty Stonesifer, principal executiva da Fundação Gates, disse que várias iniciativas com as quais a fundação hoje se identifica foram na verdade iniciadas com dinheiro de Rockefeller. Incluem a Internacional Aids Drug Development, a Global Alliance for TB Drug Development, a International Partnership for Microbicides e a Medicines for Malaria Venture.

Como disse Stonesifer sobre uma campanha de Rockefeller contra a febre amarela: "Muita gente diria: ‘É preciso reduzir a pobreza para eliminar a febre amarela’. Mas os Rockefeller disseram: ‘Vocês não precisam de uma intervenção de 20 anos. Vocês podem usar sapatos’." Finalmente, os investimentos dos Rockefeller em saúde pública lhes trouxeram um novo tipo de fama, provavelmente mais positiva que a decorrente de terem enriquecido.