CUIDADOS NA ELABORAÇÃO DO CURRÍCULO
Português é a maior falha de candidatos a uma vaga
Cássio Aoqui e Mariana Desimone (*)
Erros graves de português, como "seguimento", "treis" e "aprimorização"; falta de objetivo profissional - ou uma profusão deles-;formação acadêmica em instituição "misteriosa" e em período desconhecido. Esses são apenas alguns dos principais erros cometidos por candidatos a uma vaga de trabalho naquele que deve ser seu principal cartão de visitas: o currículo. A constatação resulta de um levantamento realizado pela Folha, que analisou 331 currículos recebidos durante o ano de 2005 pelo caderno Empregos. Os dados foram enviados para a seção Consultoria, em que o leitor solicita a análise do documento, feita por diversos especialistas em seleção no mercado de trabalho. Em mais de 58% da amostra havia erros de português -a maioria, de acentuação, sobretudo de crase-, 41% não apresentavam dados completos da formação acadêmica e um terço apresentou falhas na formatação, como excesso de negrito ou itálico, o que dificulta a leitura do documento.
Para fazer o levantamento, foram contatadas cinco empresas de recursos humanos (Crossing, Luandre, Adecco, RH Brasil e Manager), que analisam grande volume de currículos diariamente. Elas expuseram os principais problemas encontrados na seleção. As reclamações foram desde os clássicos "falta de objetivo" e "erros de formatação" até as mais inusitadas, como "fotos de candidatos de biquíni ou na "balada". A partir daí, a Folha examinou os erros cometidos nos documentos.
Repercussão
Os dados apurados não surpreenderam os especialistas na área. Em relação à falta de objetivo, Maria de Fátima Motta, gerente de contratação e avaliação de pessoas da construtora Andrade Gutierrez, é incisiva: "Se nem o próprio candidato se ajuda, fica difícil. Objetividade é tudo o que buscamos em um currículo". Em se tratando das metas, vale aplicar uma tática: quem tem interesse em diversas áreas deve fazer currículos diferentes. "Pode-se alterá-lo conforme o perfil da vaga, focando nas necessidades apresentadas", sugere Augusto Costa, diretor da Manpower.
Questionado sobre se há diferença entre um currículo de um executivo e outro para níveis hierárquicos inferiores, Luiz Eduardo Rubião, diretor-geral da Chemtech, diz que é importante, para um executivo, mostrar os resultados obtidos em outras empresas, explicitando o que ele conseguiu de positivo nos lugares onde trabalhou. "Para um técnico, valem suas especializações, os assuntos por ele dominados e as ferramentas mais conhecidas", diz.
ERROS QUE CHAMAM A ATENÇÃO:
- Escrever Muito e Não Dizer Nada:
“Deste modo vislumbra-se a flexibilização deste profissional.”
“A globalização da economia tem acirrado a competitividade entre as empresas e gerado aprimoramento em todas as direções. O aumento da lucratividade depende de boas estratégias. O aumento da lucratividade depende de boas estratégias. Na medida do possível gosto de estar aperfeiçoando-me, de acordo com a disponibilidade da empresa.”
“Após formar a equipe, admoestava-os sobre reuniões e palestras onde o lema sempre foi a importância de nossos produtos para a vida dos clientes.”
- Recados:
“Safisfação. Peço gentileza dos prezados, entrarem em contato comigo, para agendarmos uma entrevista... Estarei fluindo no possível exercício de trabalho. Muito obrigado.”
“Para o currículo melhor detalhado, favor entrar em contato.”
- Objetivo Sem Objetivo:
“De acordo com meu perfil profissional, buscar uma colocação em que possa demonstrar meus conhecimentos dando a conhecer o meu potencial profissional, contribuindo assim para o desenvolvimento da Empresa.”
“Sou um pessoa flexível e gostaria de conversar a respeito do contrato de trabalho e benefícios que a empresa oferece.”
“Mídia, Depto. De Marketing ou onde meu perfil encaixar-se melhor.”
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