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Esse blog é destinado a promover o debate de temas culturais e sociais, além de divulgar as ações realizadas por jovens moradores da comunidade São Remo, no bairro do Butantã (SP).

sábado, dezembro 10, 2005

ACUSAÇÕES NÃO ABALAM A DASLU



O glamour e o movimento da megabutique se mantêm; a dona, Eliana Tranchesi, está triste, mas vai superar, revela uma amiga

Vera Dantas (*)

O som suave de violinos logo na entrada da loja, o sorriso amável e profissional das vendedoras e o vaivém de dezenas de clientes animadas, carregando sacolas para cima e para baixo, mostrava que tudo aparentemente continuava igual, ontem, na Avenida Chedid Jafet, 131, Vila Olímpia, o endereço da megabutique de luxo Daslu. A loja, de 20 mil m2, um palacete de estilo neoclássico, que custou R$ 200 milhões, reúne as grifes mais famosas do mundo. Lá circulam diariamente 1.500 pessoas e ontem a loja estava cheia. "O Natal está perto e há duas semanas os estoques de importados foram renovados", explicava uma vendedora.

Os jornais estampavam com destaque que o Ministério Público Federal pedia 21 anos de prisão para Eliana Tranchesi, dona da loja, por formação de quadrilha, contrabando e falsidade ideológica. Mas a notícia não abalou em nada o clima de glamour do ambiente e muito menos sua rica clientela que estava informada sobre o que acontecia e era solidária a Eliana Tranchesi. A Daslu tem 70 mil clientes cadastrados.

"É claro que ela está muito triste", contava uma delas com intimidade de amiga. "Mas vai superar tudo isto. Nós estamos do seu lado." Outra contava que encontrou Eliana no setor de importados, na grife da Prada, e lamentou. "Como podem fazer isto? Você ajuda, dá emprego para tanta gente. Mas fique tranqüila que vamos tomar champanhe juntas depois, que tudo isto vai passar", garantia com fé.

Eliana, dizia a amiga, agradeceu o apoio e continuou de um lado para outro cumprimentando conhecidas,como num dia de trabalho comum. "Ela tem de tocar a vida. Mas aposto que a perseguição é porque ela é mulher e fez sucesso", comentavam duas amigas num dos cafés da loja. A outra concordava e perguntava por que o governo não persegue quem devasta a Amazônia.Havia quem comentasse que a dona da Daslu deveria estar mesmo envolvida em irregularidades. "Mas aqui no Brasil não pagar imposto é tão comum. No fim sempre se dá um jeitinho."

A maior parte dos funcionários acreditava que tudo se resolveria "bem" , mas havia aqueles que temiam ir para a rua. A Daslu tem uma creche para filhos de funcionários de até 8 anos de idade, e perder o emprego e esse benefício era o maior temor.
O TEMPLO DE CONSUMO EM NÚMEROS
700 mil clientes estão cadastrados na Daslu
1.500 pessoas passsam todos os dias pela loja
R$ 200 milhões foi o total gasto na construção da Daslu



(*) Repórter do jornal O Estado de S. Paulo. Texto publicado na edição de 10/12/2005.