.comment-link {margin-left:.6em;}

Esse blog é destinado a promover o debate de temas culturais e sociais, além de divulgar as ações realizadas por jovens moradores da comunidade São Remo, no bairro do Butantã (SP).

terça-feira, dezembro 06, 2005

UFSCAR, EM SOROCABA, SE FOCA EM "SUSTENTABILIDADE" E UFABC, EM TECNOLOGIA

Fábio Takahashi (*)

As universidades federais estão ganhando espaço em São Paulo -o Estado onde sempre tiveram pouco peso diante da presença da USP, da Unesp e da Unicamp. Mas a idéia não é competir com as três gigantes estaduais. O projeto de expansão tem um rosto definido para cada novo campus e universidade. "A expansão está centrada em três iniciativas: na criação da UFABC (Universidade Federal do ABC), em transformar a Unifesp em uma universidade com todas as áreas do conhecimento e no novo campus da UFSCar, em Sorocaba", disse Manuel Palácios, diretor do Departamento de Desenvolvimento do Ensino Superior do Ministério da Educação.

Na sexta-feira passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou a pedra fundamental do futuro campus da UFABC. A sede será em Santo André, mas ela terá outros campi na região industrial da Grande São Paulo. Próximo a um pólo petroquímico, a instituição surge com especialização em tecnologia. Para começar a funcionar no ano que vem, um prédio provisório para a UFABC vai ser escolhido. "Te-mos três opções e estamos em negociação. A idéia é que o vestibular aconteça em junho e que as aulas comecem em setembro", afirma o reitor Hermano Tavares.
De acordo com os planos para a universidade, ela deverá ter, quando em pleno funcionamento, até 20 mil alunos. A verba alocada para o ano de 2006 é de R$ 54 milhões, com a qual começará a construção do prédio central. Em 2005, a verba para o início da implantação foi de R$ 7 milhões.

Ex-reitor da Unicamp, Tavares não descarta parcerias com as já consolidadas estaduais. "No ensino, vamos ter intensa parceria. Não vamos ficar alheios, porque o sistema paulista é o melhor do país e não vamos ignorar isso."

UFSCAR
A expansão da Federal de São Carlos também está relacionada ao local de implantação. O novo campus de Sorocaba (a 100 km da capital) terá, segundo o pró-reitor de graduação da entidade, Roberto Tomasi, uma temática geral, que é "sustentabilidade".
"O campus vai ter todas as áreas do conhecimento, mas há o enfoque para a preservação ambiental, para a sustentabilidade das atividades econômicas", afirma Tomasi. Lá, serão oferecidos os cursos de engenharia de produção; ciências biológicas (bacharelado e licenciatura) e turismo.

Na região de Sorocaba, existe a Floresta Nacional de Ipanema, com uma reserva de mata atlântica, além do encontro com a vegetação de cerrado, que se estende para o Centro-Oeste. "E ao sul há muita produção agrícola familiar com problemas de preservação". "Pretendemos trabalhar em cooperação com o Ibama nessa floresta, por isso a preferência por biologia e turismo", explica Tomasi. "Já engenharia de produção está voltada para a produção sustentável das indústrias da área", explica.

UNIFESP VAI DIVERSIFICAR SEUS CURSOS

Após 72 anos de especialização em saúde, a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) decidiu avançar em áreas tão distintas como engenharia e filosofia. Os novos cursos de graduação estão previstos para começar no segundo semestre de 2006.
A diversificação das carreiras se complementa ao processo de expansão física da instituição, que terá campi em Guarulhos e Diadema, ambas cidades localizadas na Grande São Paulo. A ampliação do número de unidades começou na Baixada Santista, que iniciará as atividades no primeiro semestre de 2006, mas ainda na área de saúde.
Na última quinta-feira, o conselho de graduação da universidade definiu quais cursos cada nova unidade terá. Cada campus terá uma "vocação", ou seja, carreiras na mesma área. "Isso faz com que os gastos caiam, porque o mesmo docente pode dar aulas para diversos cursos", afirma o pró-reitor de graduação da Unifesp, Luiz Eugênio Mello.
Guarulhos receberá carreiras de humanas (ciências sociais, pedagogia, história e filosofia). O campus de Diadema será voltado para química (farmácia/bioquímica, ciências biológicas, química e engenharia química). Cada uma dessas unidades terá 200 vagas.

A Baixada Santista também receberá cursos fora da área de saúde - serão 240 vagas, distribuídas entre engenharia de pesca, portuária e ambiental. A universidade também está perto de fechar um acordo com a Prefeitura de São José dos Campos (91 km de São Paulo) para abrir um campus na cidade. A intenção é que o primeiro curso seja ciências da computação. Definidos os cursos, agora a universidade busca apoio de outras instituições, como a USP e a UFMG (federal de Minas Gerais) para desenvolver o conteúdo das carreiras. Também será necessário buscar o financiamento do MEC (Ministério da Educação). Caso esse processo sofra atrasos, o começo das aulas nesses novos campi pode ficar para 2007.

A Unifesp decidiu diversificar seus cursos principalmente por dois motivos: a falta de uma universidade federal forte e ramificada em São Paulo e a saturação de cursos na área de saúde no Estado, principalmente o de medicina.

(*) Repórter da Folha de S. Paulo. Matéria publicada no caderno Fovest de 06/12/2005.