ELITISMO MARCA A PROVA DA PRIMEIRA FASE DA FUVEST 2006
Professor do Cursinho da Poli critica formulação de questão e temas do exame de ingresso à maior universidade do País
Se depender da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), o acesso à maior universidade do País, a USP, será um sonho cada vez mais distante para os estudantes da rede pública de ensino. A avaliação

Os maiores prejudicados por essa “firula” foram, em sua avaliação, estudantes da rede pública de ensino, pois esse conteúdo – supérfluo, diga-se – não lhes é apresentado, ao contrário do que ocorre nas melhores escolas privadas. “A Fuvest quer avaliar a capacidade do aluno de fazer cálculos, que seria o objetivo principal da questão 76 V, ou medir o seu grau de conhecimento sobre temas ultra-específicos?”, indaga Pontin. “A julgar pelo seu vestibular deste domingo e pelas provas realizadas nos últimos anos, parece que ela não sabe o que quer, não tem foco, e está se tornando, involuntariamente ou não, injusta, elitista.”
O elitismo, prossegue o professor do Cursinho da Poli, permeia toda a prova de Química deste ano. Assuntos atuais como o Protocolo de Kyoto, o efeito estufa, a camada de ozônio e chuvas ácidas – todos constantemente abordados pelos meios de comunicação – foram solenemente ignorados pelos autores da prova. Em contrapartida, marcaram presença polimerização, radioatividade, equilíbrio químico e sistemas heterogêneos. “Não seria exagero afirmar que só 0,5% dos jovens que prestaram a prova da Fuvest já tinham ouvido falar em radioatividade e não mais que 1% fazem idéia do que seja polimerização”, diz Pontin.
Caminho inverso vem sendo percorrido, já há algum tempo, por instituições como a Unicamp e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), cujos vestibulares alinham-se conceitualmente à prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O Enem tem como prioridade avaliar a capacidade de leitura, interpretação e análise dos estudantes, colocando num plano inferior o domínio de conteúdos. A fórmula vem surtindo efeito: neste ano, por exemplo, a diferença entre a nota média dos alunos da rede privada e da rede publica caiu de 41% para 17%. “Ao seguir o modelo do Enem, universidades como a Unicamp e a UERJ estão contribuindo para democratizar o acesso ao ensino superior, ao contrário do que tem feito, lamentavelmente, a Fuvest”, afirma Pontin.
* Texto produzido pelo jornalista Dario Palhares, Assessor de imprensa do Cursinho da Poli.
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