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Esse blog é destinado a promover o debate de temas culturais e sociais, além de divulgar as ações realizadas por jovens moradores da comunidade São Remo, no bairro do Butantã (SP).

quinta-feira, julho 31, 2008

CURSINHO SEMI-EXTENSIVO EXIGE DISCIPLINA DO VESTIBULANDO


Fernanda Calgaro (*)

A matéria dada abrange o conteúdo completo das oito disciplinas do ensino médio. Em vez dos três anos, porém, o vestibulando tem apenas quatro meses --tempo escasso-- para revisar e tirar as dúvidas nos tópicos não aprendidos. Por ter essa característica, o semi-extensivo, ou turma de agosto, como é chamado em alguns cursinhos, é voltado para o aluno disciplinado e com bom conhecimento sobre as disciplinas cobradas nos processos seletivos. A opinião de professores é que a corrida contra o tempo vale a pena se o jovem aproveitar o curso mais para refrescar a memória de um conteúdo visto. Há espaço para aprender, mas os conceitos principais já devem ter sido estudados. Em geral, dois perfis de vestibulandos procuram o semi: os que ainda estão no último ano do ensino médio e aqueles que já faziam alguma graduação e resolveram mudar de carreira.

No primeiro caso, é preciso levar em conta a dupla jornada na frente dos livros. "O aluno do ensino médio deve analisar se o cansaço e o estresse gerados pelas horas extras de estudo compensam. Se puder esperar o ano seguinte para fazer cursinho, melhor", avalia Tatiana Adelina Martinez Pimentel Machado, orientadora educacional do ensino médio do colégio Rio Branco, na capital paulista. Ela, porém, faz uma concessão: "Se for um bom estudante, ele consegue conciliar cursinho e colégio, mas a escola deve ser a sua prioridade". "Ele deve tentar fechar as notas da escola no terceiro bimestre para ficar tranqüilo", recomenda Edmilson Motta, coordenador do cursinho Etapa.

Para quem vai mudar de área, o semi pode ser bastante produtivo, opina Vera Lucia da Costa Antunes, coordenadora do curso e colégio Objetivo. "Esse aluno em geral é mais maduro até para se organizar nos estudos." Segundo ela, independentemente do perfil do aluno, as sugestões valem para todos: "O aluno deve acompanhar atentamente as aulas, fazer o maior número de exercícios propostos e tirar as dúvidas logo em seguida para não acumular deficiências".

Heitor de Oliveira Arriero Amaral, 19, trancou a faculdade de química na USP para tentar medicina no final do ano. "Vou fazer vestibular de novo porque vi que tenho mais afinidade mesmo com a área de biológicas." O cursinho será pela manhã, mas ele terá aulas à tarde em três dias da semana. "Vai ser bem puxado, mas acho que, com disciplina, é possível", diz. Com o ritmo intenso de estudos, os vestibulandos não podem descuidar da saúde e da alimentação. Boas horas de sono contam pontos no rendimento. "É muita matéria, mas o estudante não pode se matar de estudar, deve descansar e evitar sair à noite", afirma Alberto Francisco do Nascimento, coordenador do curso Anglo. "Ainda bem que não sou muito "baladeira", porque agora tenho mesmo que me dedicar aos estudos", conta Luiza Ricardi Neiva de Lima, 19, que desistiu de sociologia e ainda está em dúvida sobre a escolha da carreira. "Cada um tem o seu tempo até achar o seu lugar."

(*) Repórter da Folha de S. Paulo.

75% DOS ESTUDANTES ESTRESSADOS RECLAMAM DE DOR


Luisa Alcantara e Silva(*)

Sair de casa às 6h30, entrar na sala de aula uma hora depois e só voltar para casa às 20h, depois de um dia inteiro estudando. Assim era o dia-a-dia de Fábio Nascimento, 20, quando ele estava na fase pré-vestibular, em 2005. Com mal-estar,
dores de estômago e tenso, Fábio entrou em depressão e procurou um médico. "Comia superpouco e já ficava enjoado", diz ele, que conta ter piorado quando chegou a época das provas. Para continuar estudando com concentração, ele teve de tomar remédios contra a depressão --três vezes ao dia-- e se forçar a comer. "Depois que passei no vestibular [ele faz veterinária na USP], minha vida melhorou 300%", diz ele, que não toma mais nenhum medicamento.

A história de Fábio é repetida todos os anos por outros vestibulandos, que, ao mergulhar nos estudos, se esquecem da saúde. Os problemas decorrentes desse desleixo podem, inclusive, atrapalhar no dia do vestibular --com a saúde debilitada, os alunos têm mais chance de ter branco ou mal-estar na hora da prova. Uma pesquisa inédita da Isma-BR (associação internacional que se dedica ao gerenciamento do estresse) mostra que, de 326 jovens entrevistados com 16 a 18 anos de São Paulo e de Porto Alegre, 92% disseram que o vestibular é um fator causador de estresse. Dentre os sintomas de estresse relatados, 75% dos pesquisados têm alguma dor muscular e 82% sofrem de ansiedade.

Segundo Ana Maria Rossi, presidente da Isma-BR, "o estresse não é necessariamente negativo". "Se o vestibulando não tiver nada de estresse, quer dizer que ele não está nada preocupado com a prova, que não tem importância para ele", afirma. O principal, entretanto, é saber gerenciar esse nível de preocupação. Dentre os fatores emocionais que os entrevistados disseram sentir quando estão estressados, 63% relataram ficar mais irritados e 19% contaram ter conflitos familiares.

Além disso, outro problema que acomete muitos vestibulandos são os distúrbios alimentares -a maioria engorda, mas há quem emagreça. "A pessoa que não tem tendência a engordar simplesmente se esquece de comer", diz Fernanda Fernandes, gerente nacional do Vigilantes do Peso. "Se eles são assim, os pais têm que dobrar a atenção e ajudar os filhos." Segundo ela, uma forma de apoio é colocar um sanduíche na mochila do filho.

Anny de Freitas, 18, sabe o que é emagrecer mesmo sem querer. No cursinho Etapa desde o início do ano, ela já perdeu cinco quilos. "Passo o dia inteiro fora de casa, estudando no cursinho, então, acabo comendo pouco." De 57 quilos, Anny passou para 52. Para os que engordam, a gerente do Vigilantes do Peso recomenda trocar o chocolate por palitos de cenoura ou pepino. "O vestibulando deve saber racionalizar o hábito", diz ela. "É claro que chocolate gera prazer, mas é simples achar que só será necessário pensar em dieta depois dos processos seletivos. Nós temos desafios a vida toda, não podemos ficar postergando o cuidado com a saúde."

O endocrinologista Alfredo Halpern, que atende a muitos vestibulandos insatisfeitos por estar engordando no ano de estudos, diz que o melhor é fazer alguma atividade física. "O estresse já engorda, e, além disso, os vestibulandos são sedentários. Se fizessem um esporte, teriam melhora até no rendimento nos estudos." "É importante que o vestibulando que apresente qualquer problema busque um profissional", alerta Ariovaldo Ribeiro Filho, presidente da Associação Paulista de Homeopatia.

(*)Repórter do caderno Fovest, da Folha de S. Paulo. Matéria publicada na edição de 29/07/2008