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Esse blog é destinado a promover o debate de temas culturais e sociais, além de divulgar as ações realizadas por jovens moradores da comunidade São Remo, no bairro do Butantã (SP).

terça-feira, setembro 20, 2005


MEC PREPARA BANCO DE TALENTOS

Simone Harnik (*)

Além de servir para o ingresso em mais de 400 instituições de ensino superior, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) vai poder ser usado na seleção de emprego."Até o fim do mês, vamos apresentar o projeto do banco de talentos. A idéia é criar um ambiente virtual, no qual as empresas possam acessar o desempenho dos candidatos e entrar em contato com eles", diz Dorivan Ferreira, coordenador do Enem.
De acordo com Ferreira, esta seria a concretização do terceiro objetivo da prova. A intenção é que ela funcione como auto-avaliação, sirva para as faculdades usarem em seu processo seletivo e facilite a entrada no mercado.
O banco de talentos vai permitir que empresas cadastradas no MEC (Ministério da Educação) pesquisem o desempenho dos candidatos. Eles vão poder buscar perfis de acordo com as cinco competências e 21 habilidades avaliadas na prova. "Além disso, os candidatos poderão acrescentar suas experiências profissionais", diz Ferreira.
"Vamos pegar essas habilidades e fazer uma correlação com o mundo do trabalho. Se a empresa quiser algum aluno que concluiu o ensino médio e seja bom em português, por exemplo, vai solicitar ao sistema que apresente esse grupo de estudantes."

Ferreira afirma que empresas já procuraram o MEC informalmente. A idéia agora é firmar esse contato. "Nós já temos uma verba para o sistema. O maior problema que encontramos é o acesso. Nem todos os candidatos têm internet disponível. Vai ter de haver um esforço para a inclusão digital." Hoje em dia, as empresas ainda não utilizam o desempenho no Enem como critério para seleção de profissionais, segundo Rossano Lippi, diretor da Central de Estágios Gelre, que há 26 anos trabalha na área de recursos humanos.
Mas a boa nota no Enem já ajudou alguns estudantes a ingressarem no mercado. Edson Roberto Didoné Júnior, 24, é um dos que foram beneficiados. Em 1999, quando terminava o ensino médio, Edson teve alta pontuação na prova. Hoje, depois de graduado, ele leciona geografia no colégio em que estudava. "Qualquer empresa valorizaria. A boa nota abriu portas", conta.
Segundo Marisa da Silva, consultora do Career Center, colocar a pontuação do Enem no currículo é incomum. "Mas o bom desempenho pode ser usado na entrevista, como um desafio que foi enfrentado", diz.

Nas empresas

Dentro das companhias, o Enem começa a ganhar espaço. Na BSM, uma empresa de engenharia do Rio com 700 funcionários, pela primeira vez o exame vai ser utilizado para selecionar os empregados talentosos. As dez melhores notas da empresa vão receber bolsas de estudo em faculdades. "Estamos descobrindo aqui dentro quem é bom, os mais esforçados", conta o gerente-geral, Alexandre Tardin. Dos funcionários, 75 resolveram se inscrever. "Escolhemos o Enem porque ele tem credibilidade e a avaliação é justa. Com ele não tem cola. É uma questão de responsabilidade social. O retorno é a satisfação do funcionário", diz.

(*)Repórter da Folha de São Paulo. Matéria publicada originalmente no Caderno Fovest (página 7), de 20/09/2005.